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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

América Latina - Brevidade sobre a Arte e o “Realismo Fantástico”


Em nome de tantos homens de glória da nossa arte latino-americana temos uma história única em relação à vivenciada no resto do mundo. Não apenas por nossa origem documentada por estas áreas, mas pelo bafo de arte que vive aqui.

No extremo canto oeste da Terra, um espaçoso território para guerrilhas e conspirações. Sangue latino-americano derramado pela paz, pela arte, pela doença, pela fome e pela falta de esperança. Me salva dizer que muito desse sangue foi também por amor.

E da miscigenação honramos homens e mulheres oriundos de todo o planeta; em nome da Arte. Do misticismo pré-colombiano das grandes civilizações de curiosos ao pós-modernismo de novos gênios; dos desenhos arquitetônicos às telas modernas de Arte Conceitual; das Trovas vindas dos estrangeiros até a Bossa Nova. Do homem da terra ao homem desconstruído.

Habitaremos em Machado de Assis, que nunca pertenceu ao lado Romântico nem ao Realista das Eras, mesmo vivendo e as influenciando. Era o que então? Era gênio. Negro em época de escravos. Gago. Manco. E com a ventura maior da perspicácia da alma humana nas mãos. Analista sobre a filosofia triste e verdadeira dos homens.

A cerca do nascimento do Realismo Fantástico em Gabriel García Márquez que sem saber sonhou que em Cem Anos de Solidão muitas gerações seriam enfeitiçadas por esse sentimento profundo. A cultura da tecnologia mais a cultura da superstição é o Realismo Mágico; são elementos irreais percebidos como parte da "normalidade” do dia-a-dia. É o sobrenatural e o intuitivo que sugere o homem moderno racional. Por sorte são homens que nunca perderam a ternura.

Quando Eduardo Galeano disse, “nossas multidões condenadas a uma vida de bestas de carga” em As Veias Abertas da América Latina ele teve toda razão. Dessa ‘carga’ nossos homens souberam criar. Arte em formas simples, históricas, eternas. Música em tom de amor e protesto. Poesia de Neruda sonhador à Drummond cansado.  Ainda temos as veias abertas de sangue e luto. Mas quem sabe há esperança de que não sejam exatamente os Cem Anos de Solidão. E se mesmo assim ainda for eu canto:

“E quando um homem já está de partida, da curva da vida ele vê que o seu caminho não foi um caminho sozinho por que...”